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Grupos religiosos se reúnem no Masp contra a intolerância religiosa

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Mensagem por Tania Jandira Qui Jan 21, 2016 4:01 am

São esperadas mais de duas mil pessoas para evento no dia 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
O Brasil estabeleceu o princípio da separação entre Estado e Igreja desde a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. O princípio da laicidade foi reafirmado na Constituição de 1988, mas desde então não vem sendo cumprido.
Grupos e vertentes de diferentes religiões se encontrarão na próxima quinta-feira (21), no Vão Livre do Masp, às 19h, contra a intolerância religiosa. Para os grupos, durante 2015, a questão se agravou. A expectativa é reunir duas mil pessoas.
Roger Cipó, que professa o candomblé, é mobilizador do ato e tem projetos fotográficos e pesquisas que buscam desmistificar as religiões de matriz africana, quebrando estereótipos e revelando a crença, concepções, luta e dignidade do povo negro.
“Quero evidenciar que estamos indo para rua no sentindo de, juntos, mostrarmos que o povo de santo é uma unidade. Queremos mostrar nossa força de organização para a sociedade. A gente precisa ser visto e mostrar nossos direitos. Vamos todos de branco, porque o branco é o símbolo universal da paz - a paz entre os povos, a paz entre as religiões - e o símbolo universal da nossa religião”, afirma.
Apoio
Para a monja Coen, que reside no templo budista Tenzui Zenji, em São Paulo, onde é presidenta do Conselho Religioso da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil e do ViaZen/VilaZen do Rio Grande do Sul, são lamentáveis as demonstrações de ódio e intolerância contra as religiões de matrizes africanas. “É preciso educar, conhecer para respeitar. Muitas pessoas desconhecem outras tradições espirituais e limitadas pela ignorância, atacam, insultam. Geralmente as pessoas mais fracas são as mais agressivas e abusivas. Quem discrimina, é intolerante, não é um ser humano forte. Pelo contrário, deve ser apiedado e reeducado, pois desconhece e teme por desconhecer”, afirma a monja.
Franklin Felix é espírita e um dos idealizadores do Movimento Espírita pelos Direitos Humanos e facilitador regional da Rede Ecumênica da Juventude (Reju). Ele participará do ato na quinta-feira e tem mobilizado sua comunidade para luta pelo Estado Laico e contra a intolerância: “Temos utilizado, como forma de mobilizar, nosso programa Mutirão, na Rede Boa Nova de Rádio e a fanpage Espiritismo e Direitos Humanos. Como Reju, estamos protagonizando a campanha '#VistoBranco', '#ContraaIntolerância' e' #EstadoLaicoDeFato'”, finaliza.
Violência
O dia 21 de setembro é, desde 2007, o dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em homenagem a ialorixá Gildásia dos Santos, que veio a falecer depois de ter seu terreiro invadido por evangélicos, que depredaram o espaço e agrediram seu marido física e verbalmente.
Dados de um relatório preliminar da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa (CCIR), divulgados em 2015 revelam que, de janeiro de 2011 a junho de 2015, o disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República recebeu 462 denúncias sobre discriminação religiosa. Além disso, o documento mostra um aumento na intolerância religiosa virtual.
As denúncias envolvendo religiões de matrizes africanas são as mais registradas. O Centro de Promoção de Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir) diz que quase mil casos de intolerância religiosa foram registrados no Rio de Janeiro, entre julho de 2012 e dezembro de 2014. Destes casos, cerca de 71% são de intolerância contra religiões afro-brasileiras.
Resistência
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou o dia das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações da Umbanda e do Candomblé. O Projeto de Lei 1552/2015, de autoria da Deputada Estadual Clélia Gomes (PHS), foi sancionado pelo governador do estado de São Paulo e garante o dia 30 de setembro para os festejos.
Em sua página a deputada comenta a importância da aprovação da data e a memória de religiões seculares e preteridas no Brasil: “O povo de Candomblé e da Umbanda, bem como todos os povos tradicionais do Brasil, necessita e merece ter espaço e voz no nosso país. E nada mais reconhecedor do que se instituir o Dia das Tradições das Raízes de MatrizesAfricanas e Nações da Umbanda e Candomblé”.
http://www.brasildefato.com.br/node/33958
Tania Jandira
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