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Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil
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Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil
Intolerância anda de mãos dadas com falta de conhecimento. É esse o sentimento de religiosos e não religiosos que se sentem perseguidos ou desrespeitados por quem não compartilha das mesmas ideologias e crenças. A lacuna de informações acaba fazendo com que muitas pessoas estendam casos particulares a um conjunto mais amplo, como acontece com os muçulmanos que, muitas vezes, são associados a terroristas.
No Recife, seguidores do islamismo se defendem da associação equivocada. “A religião islâmica é de paz e amor e tolerância entre as pessoas. Isso está dentro do alcorão [livro sagrado do Islã], Deus falou que não deve haver imposição com relação à religião. Se há algum conflito, não é de questão religiosa, é uma questão geopolítica e econômica”, alega Alberto Bret, membro da comunidade do Centro Islâmico do Recife.
Segundo Bret, em Pernambuco, há cerca de 100 muçulmanos. Apesar de não ter conhecimento de nenhum caso de discriminação contra as pessoas que frequentam o centro, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, ele reconhece que o preconceito existe. “O problema é a falta de educação e informação. Pouca gente realmente conhece a religião e isso faz com que as pessoas direcionem o pensamento para outro caminho”, ressalta.
Diferentemente do que acontece em várias partes do mundo, entre os quase 1.500 judeus pernambucanos, também não há nenhum grande caso de preconceito. “No geral, a convivência da comunidade judaica no Recife é bem tranquila, a gente não tem vivenciado nenhuma situação de anti-semitismo. Isso é um fenômeno que, de fato, acontece pelo mundo, muito na Europa e particularmente na França”, conta o coordenador de comunicação da Federação Israelita de Pernambuco, Jader Tachlitsky.
Jader destaca que, após a reinauguração da sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, localizada na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, há uma maior aproximação da sociedade com o judaísmo. “Tem havido muitas visitas de escolas, por exemplo, e isso tem sido interessante paras pessoas conhecerem mais e desmitificarem algumas coisas”, conta.
DENÚNCIAS – Enquanto muçulmanos e judeus, aparentemente, não se sentem tolhidos devido à religião que seguem no Brasil, crenças de matrizes africanas sofrem constantes ataques. De 2011 a 2014, foram registrados 75 casos de intolerância contra essas religiões pelo Disque Denúncia da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. “Até o meio do ano passado, a religião de matriz africana é a que mais sofre intolerância e a que mais recebemos denúncias”, diz o coordenador da Assessoria de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos da SDH, Alexandre Brasil.
De 2011 até fevereiro deste ano, foram registradas 535 denúncias de intolerância religiosa. “A cada três dias, recebemos uma denúncia relacionada a esse tipo de discriminação. Desde o século 18, há uma série de episódios que envolvem religião em situações muitas vezes associadas a outros elementos, como racismo, disputas patrimoniais e financeiras”, ressalta Alexandre.
Em Pernambuco, há apenas 16 registros oficiais de intolerância religiosa na SDH nacional. Para uma das integrantes da Coordenadoria de Igualdade Racial do Governo de Pernambuco, Mãe Elza de Yemanjá, o número de casos é pequeno porque as vítimas se sentem perseguidas e têm medo de denunciar. “O nosso povo, devido à perseguição e ao massacre, começa a perder o credo de que existem políticas públicas voltadas para ele. Quando um religioso de matriz africana se sente invadido e aciona a polícia militar, por exemplo, ele fica receoso e acaba não registrando a ocorrência”, explica.
Para tentar acabar com esse receio de denunciar, a coordenadoria vem promovendo uma série de diálogos, oficinas e palestras sobre o credo oriundo da África. “Nós estamos trabalhando para que as pessoas deixem seu medo e comecem a registrar um boletim de ocorrência e entendam que existe uma ouvidoria para atendê-las”, lembra Mãe Elza.
Se, por um lado, os seguidores de religiões de matriz africana chegam a sofrer violência física, como no caso da menina de 11 anos que levou uma pedrada após sair de um culto de candomblé em junho deste ano, adeptos de outras religiões dizem sofrer um preconceito “camuflado”. Foi o que aconteceu com o grupo Jovens Evangélicos de Pernambuco quando tentou registrar o grupo como uma organização não governamental e foi aconselhado a mudar de nome. “Nos disseram que, pelo fato de ter o nome ‘evangélico’, não iria soar muito bem e vimos isso como preconceito”, conta uma das admnistradoras do grupo, Rose Oliveira.
Até quando fazem ações que pregam o amor e o respeito, como a distribuição de abraços grátis pela cidade, o grupo ouve comentários negativos contra evangélicos. “Quando se coloca religião no meio, fica complicado, parece que as coisas ficam mais difíceis. Há muita polêmica envolvendo o meio cristão, principalmente quando o assunto é grupo LGBT. A religião que eu sigo não concorda com essa prática da homossexualidade, mas o que a gente tenta explicar é que o fato de não concordar com aquilo não significa que aquela pessoa seja menos digna que você”, salienta.
Para ela, a grande causa do preconceito é a generalização. “Os evangélicos hoje têm deixado muito a desejar justamente porque não têm a compreensão que devem ter, julgam demais, falam demais e fazem de menos. Com isso, pequenos grupos como o nosso termina não sendo bem visto ou aceito por causa do preconceito que já existe”, acrescenta.
E OS SEM RELIGIÃO? – “Ah, mas vocês são ateus, como podem fazer caridade?”. O questionamento, publicado na página Ateus e Agnósticos de Pernambuco (APE) após uma campanha de doação de sangue, exemplifica o preconceito que também atinge aqueles que não têm religião.
De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, que entrevistou mais de 2 mil pessoas no Brasil, os ateus estão em primeiro lugar no quesito “repulsa/ódio”, empatados com usuários de drogas. “O preconceito contra ateus é comum em qualquer lugar do mundo. Em Pernambuco, é comum pessoas associarem violência, intolerância ou quaisquer atos imorais ou ilegais a ateus”, diz o presidente da APE, Pedro Guimarães.
Ele conta que, há cerca de um ano, uma adolescente procurou a APE para denunciar que um professor da escola pública estadual onde estuda tentou obrigá-la a participar de uma oração. “Fomos à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, fizemos uma reclamação formal e prestamos queixa à polícia. O professor, a diretora e a escola foram notificados e obrigados a oferecer palestras sobre o Estado laico”, detalha.
O grupo vem lutando para combater a imagem negativa em relação aos ateus organizando palestras, promovendo campanhas de doação de sangue e fazendo ações de solidariedade. “Precisamos fazer com que as pessoas entendam que não somos diferentes de ninguém. Trabalhamos, estudamos, constituímos família, pagamos impostos, nos divertimos e sofremos como qualquer outro cidadão. O que talvez nos diferencie é que nosso código moral e de ética não vem de princípios religiosos, mas de princípios seculares e humanistas”, ressalta Pedro.
Para Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), o combate ao preconceito contra os sem religião é complicado no Brasil. “O preconceito existe e é muito forte. Você não vai ver casos de violência, porque não tem como identificar um ateu no meio da multidão, como acontece com um seguidor de umbanda ou um homossexual. Mas todos os dias existem pessoas que dizem que ateus merecem morrer, que são canalhas, mas não acontece nada, porque essa é a opinião da socieda e não há comoção nacional”, lamenta Sottomaior.
Na página se diz também como agir.
http://noticias.ne10.uol.com.br/10horas/noticia/2015/11/16/religioes-afro-sao-alvos-mais-comuns-de-intolerancia-no-brasil-581012.php
No Recife, seguidores do islamismo se defendem da associação equivocada. “A religião islâmica é de paz e amor e tolerância entre as pessoas. Isso está dentro do alcorão [livro sagrado do Islã], Deus falou que não deve haver imposição com relação à religião. Se há algum conflito, não é de questão religiosa, é uma questão geopolítica e econômica”, alega Alberto Bret, membro da comunidade do Centro Islâmico do Recife.
Segundo Bret, em Pernambuco, há cerca de 100 muçulmanos. Apesar de não ter conhecimento de nenhum caso de discriminação contra as pessoas que frequentam o centro, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, ele reconhece que o preconceito existe. “O problema é a falta de educação e informação. Pouca gente realmente conhece a religião e isso faz com que as pessoas direcionem o pensamento para outro caminho”, ressalta.
Diferentemente do que acontece em várias partes do mundo, entre os quase 1.500 judeus pernambucanos, também não há nenhum grande caso de preconceito. “No geral, a convivência da comunidade judaica no Recife é bem tranquila, a gente não tem vivenciado nenhuma situação de anti-semitismo. Isso é um fenômeno que, de fato, acontece pelo mundo, muito na Europa e particularmente na França”, conta o coordenador de comunicação da Federação Israelita de Pernambuco, Jader Tachlitsky.
Jader destaca que, após a reinauguração da sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, localizada na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, há uma maior aproximação da sociedade com o judaísmo. “Tem havido muitas visitas de escolas, por exemplo, e isso tem sido interessante paras pessoas conhecerem mais e desmitificarem algumas coisas”, conta.
DENÚNCIAS – Enquanto muçulmanos e judeus, aparentemente, não se sentem tolhidos devido à religião que seguem no Brasil, crenças de matrizes africanas sofrem constantes ataques. De 2011 a 2014, foram registrados 75 casos de intolerância contra essas religiões pelo Disque Denúncia da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. “Até o meio do ano passado, a religião de matriz africana é a que mais sofre intolerância e a que mais recebemos denúncias”, diz o coordenador da Assessoria de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos da SDH, Alexandre Brasil.
De 2011 até fevereiro deste ano, foram registradas 535 denúncias de intolerância religiosa. “A cada três dias, recebemos uma denúncia relacionada a esse tipo de discriminação. Desde o século 18, há uma série de episódios que envolvem religião em situações muitas vezes associadas a outros elementos, como racismo, disputas patrimoniais e financeiras”, ressalta Alexandre.
Em Pernambuco, há apenas 16 registros oficiais de intolerância religiosa na SDH nacional. Para uma das integrantes da Coordenadoria de Igualdade Racial do Governo de Pernambuco, Mãe Elza de Yemanjá, o número de casos é pequeno porque as vítimas se sentem perseguidas e têm medo de denunciar. “O nosso povo, devido à perseguição e ao massacre, começa a perder o credo de que existem políticas públicas voltadas para ele. Quando um religioso de matriz africana se sente invadido e aciona a polícia militar, por exemplo, ele fica receoso e acaba não registrando a ocorrência”, explica.
Para tentar acabar com esse receio de denunciar, a coordenadoria vem promovendo uma série de diálogos, oficinas e palestras sobre o credo oriundo da África. “Nós estamos trabalhando para que as pessoas deixem seu medo e comecem a registrar um boletim de ocorrência e entendam que existe uma ouvidoria para atendê-las”, lembra Mãe Elza.
Se, por um lado, os seguidores de religiões de matriz africana chegam a sofrer violência física, como no caso da menina de 11 anos que levou uma pedrada após sair de um culto de candomblé em junho deste ano, adeptos de outras religiões dizem sofrer um preconceito “camuflado”. Foi o que aconteceu com o grupo Jovens Evangélicos de Pernambuco quando tentou registrar o grupo como uma organização não governamental e foi aconselhado a mudar de nome. “Nos disseram que, pelo fato de ter o nome ‘evangélico’, não iria soar muito bem e vimos isso como preconceito”, conta uma das admnistradoras do grupo, Rose Oliveira.
Até quando fazem ações que pregam o amor e o respeito, como a distribuição de abraços grátis pela cidade, o grupo ouve comentários negativos contra evangélicos. “Quando se coloca religião no meio, fica complicado, parece que as coisas ficam mais difíceis. Há muita polêmica envolvendo o meio cristão, principalmente quando o assunto é grupo LGBT. A religião que eu sigo não concorda com essa prática da homossexualidade, mas o que a gente tenta explicar é que o fato de não concordar com aquilo não significa que aquela pessoa seja menos digna que você”, salienta.
Para ela, a grande causa do preconceito é a generalização. “Os evangélicos hoje têm deixado muito a desejar justamente porque não têm a compreensão que devem ter, julgam demais, falam demais e fazem de menos. Com isso, pequenos grupos como o nosso termina não sendo bem visto ou aceito por causa do preconceito que já existe”, acrescenta.
E OS SEM RELIGIÃO? – “Ah, mas vocês são ateus, como podem fazer caridade?”. O questionamento, publicado na página Ateus e Agnósticos de Pernambuco (APE) após uma campanha de doação de sangue, exemplifica o preconceito que também atinge aqueles que não têm religião.
De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, que entrevistou mais de 2 mil pessoas no Brasil, os ateus estão em primeiro lugar no quesito “repulsa/ódio”, empatados com usuários de drogas. “O preconceito contra ateus é comum em qualquer lugar do mundo. Em Pernambuco, é comum pessoas associarem violência, intolerância ou quaisquer atos imorais ou ilegais a ateus”, diz o presidente da APE, Pedro Guimarães.
Ele conta que, há cerca de um ano, uma adolescente procurou a APE para denunciar que um professor da escola pública estadual onde estuda tentou obrigá-la a participar de uma oração. “Fomos à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, fizemos uma reclamação formal e prestamos queixa à polícia. O professor, a diretora e a escola foram notificados e obrigados a oferecer palestras sobre o Estado laico”, detalha.
O grupo vem lutando para combater a imagem negativa em relação aos ateus organizando palestras, promovendo campanhas de doação de sangue e fazendo ações de solidariedade. “Precisamos fazer com que as pessoas entendam que não somos diferentes de ninguém. Trabalhamos, estudamos, constituímos família, pagamos impostos, nos divertimos e sofremos como qualquer outro cidadão. O que talvez nos diferencie é que nosso código moral e de ética não vem de princípios religiosos, mas de princípios seculares e humanistas”, ressalta Pedro.
Para Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), o combate ao preconceito contra os sem religião é complicado no Brasil. “O preconceito existe e é muito forte. Você não vai ver casos de violência, porque não tem como identificar um ateu no meio da multidão, como acontece com um seguidor de umbanda ou um homossexual. Mas todos os dias existem pessoas que dizem que ateus merecem morrer, que são canalhas, mas não acontece nada, porque essa é a opinião da socieda e não há comoção nacional”, lamenta Sottomaior.
Na página se diz também como agir.
http://noticias.ne10.uol.com.br/10horas/noticia/2015/11/16/religioes-afro-sao-alvos-mais-comuns-de-intolerancia-no-brasil-581012.php
Re: Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil
Só a falta de conhecimento ou a falta de vontade de conhecer parar permanecer privilegiado mana?
Qual é a grossa fatia de ignorantes? Muita gente branca com estudo mana.
Qual é a grossa fatia de ignorantes? Muita gente branca com estudo mana.
Fernanda Pontes- Mensagens : 281
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Re: Religiões afro são alvos mais comuns de intolerância no Brasil
Fernanda Pontes escreveu:Só a falta de conhecimento ou a falta de vontade de conhecer parar permanecer privilegiado mana?
Qual é a grossa fatia de ignorantes? Muita gente branca com estudo mana.
Não é algo fácil ser de uma religião estigmatizada, hoje e sempre...tem muito pobre e negro que se tornou evangélico e intolerante também...
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